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CALVINISMO
De autoria do famoso estadista holandês Abraham Kuyper, este livro apresenta a coerência da visão calvinista da vida, firmada nas escrituras. Leia a resenha escrita pelo Rev. Itamar Alves de Araújo.

SOLA SCRIPTURA
Prefácio escrito para o livro do Rev. Paulo Anglada, ministro presbiteriano em Belém, PA. O livro traz o brado de SOLA SCRIPTURA com veemência e clareza como antídoto ao veneno contemporâneo do subjetivismo e existencialismo do homem sem Deus, que teima em se infiltrar na igreja cristã.

EU PREGAR?
Prefácio escrito para livro do Presb. Samuel Junqueira, da Igreja Presb. de Santo Amaro, em S. Paulo. Um livro destinado a pregadores leigos, com ensinamentos e sermões ilustrativos.

LEI E GRAÇA
Prefácio escrito para o livro do Rev. Dr. Mauro Meister, professor do Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, da Universidade Mackenzie, um livro que explica como compreender esses grandes temas doutrinários, na Palavra de Deus.

A VIDA DEPOIS DA REENGENHARIA
Prefácio escrito para o livro "Empregue o Seu Talento" (S. Paulo: Cultura Editores Associados, 1999), de Gutemberg Macedo, presidente da Gutemberg Consultores, em S. Paulo. Um livro secular que examina as últimas tendências nas áreas de emprego e conexões empresariais de executivos.

AS IMPLICAÇÕES PRÁTICAS DO CALVINISMO
Prefácio para o livro de A. N. Martin, publicado pela Editora Os Puritanos.

O EVANGELHO DE HOJE: AUTÊNTICO OU SINTÉTICO?
Apresentação à edição brasileira do livro de Walter Chantry (S. Paulo: Ed. Fiel, 1980), tradução de Today's Gospel - Authentic or Synthetic, originalmente publicado Banner of Truth.

 

 
Perigos para uma Igreja que Perdeu a Noção da Graça de Deus

Ler Gl 1.3-9

Introdução:

A. Salmo 66.20 - "Bendito seja Deus, que não me rejeita a oração, nem aparta de mim a sua graça."

B. Graça - Favor não merecido; medida da glória de Deus que é derramada sobre o Seu povo; refletida em devoção genuína e dependência só em Deus, através de Cristo Jesus.

C. Três tipos de Igrejas que perderam a noção da Graça de Deus:

1. As que substituíram a Graça pelas obras e ações - Exemplo: os Católico Romanos. Aplica-se Rm 11.6: "Mas se é pela graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça".

2. As que se prenderam à letra da lei e da doutrina, mas a preservam morta, sem arrependimento e conversão, sem o mover do Espírito, e se afastam da Graça. Exemplos: Igrejas históricas da Escócia, da Europa, do Canadá, que viraram museus e estão definhando, cheias de mundanismo. Apresentam atitude e crença semelhante à dos Fariseus - doutores da lei, sem a Graça.  Aplica-se Mt 23.29-34 "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos..." (29) - mostra o suposto apreço pela história e tradições, mas, nos demais versos, a rejeição da mensagem de Deus.

3. Aquelas que se julgam cheias da Graça, mas prendem-se a sinais externos e artificiais para medir o seu progresso. Essas estão em todo o lugar, apregoam avivamentos, demonstram crescimento. Queremos tratar, mais especificamente, dessa terceira categoria

D. Este terceiro tipo, propaga aos quatro ventos que estamos experimentando um avivamento. Estamos, atualmente, experimentando um avivamento - perante tantos números, sinais e maravilhas? Será que isso é a verdadeira manifestação da Graça de Deus? Será que nós estamos afastados da Graça de Deus, ou será que a maioria do segmento evangélico perdeu a Noção da Graça de Deus?

E. As notícias que correm o mundo sobre o Brasil:

1. Vejamos a chamada de um "Relatório de Reavivamentos", assim é chamado - Colocado na Internet pelos evangelistas ingleses Bill e Barbara Cassada (Lion's Heart Ministry). Eles falam da programação da viagem que empreenderão ao Brasil:

· A primeira parada será em Rio De Janeiro, Pastor Joel da Costa Pereira, da Comunidade Evangélica Projeto Vida, 2.500 membros.

· Em Manaus, igreja de 18,000 membros ( 9 anos, células), pastor Rene Terranova. "Fomos informados de um grande reavivamento que está ocorrendo lá. Eles nos pediram para trazer mais unção".

· Em Santarém, igreja com 14,000, pastor Abe Huber.

· Em Belém, igreja de 20,000 membros, pastor Josue Bengstom.

Essa é a imagem divulgada do Brasil, no exterior.

2. Mas não é somente isso. De recebedores, entretanto, viramos exportadores do "reavivamento" dos sinais e maravilhas. Estamos verdadeiramente exportando a "graça de Deus"?

Estado Unidos

Este relatório é de uma igreja Norte-americana. Vejam a influência das ocorrências no  Brasil:

"O reavivamento atual será marcado pelos milagres, pelos sinais e maravilhas.... Acontecerá por causa da expectativa de nossos  espíritos e porque deixaremos o rio fluir... Estou mais e mais convencido que nós somos os sinais e maravilhas. Não somente experimentaremos sinais e maravilhas; nos tornaremos sinais e maravilhas para o mundo. Creia nisso e una-se a isso, porque está acontecendo ao nosso redor. Na medida em que progredimos no nosso reavivamento podemos esperar muitos sinais diversos, procedentes dos céus. Quando começamos nossa campanha de inverno, em 1998, começamos a experimentar algo novo. Pó de ouro começou a aparecer na face das pessoas, em suas mãos, em suas roupas. No início não víamos isso na quantidade que desejávamos, mas quando Deus faz algo e nós reconhecemos, ele faz mais". [1]

"Uma mulher santa, do Brasil, chamada Silvania [2] , esteve duas vezes em nosso acampamento, em 1998 e em 1999. No processo de cura de quatro tipos de câncer, óleo começou a fluir sobrenaturalmente do seu corpo. Posteriormente, pó de ouro apareceu em sua face e no topo de sua cabeça. Todas as vezes que ela louva e adora, este fenômeno ocorre. Os seus pastores, no Brasil, juntam os flocos de ouro e ungem a testa dos doentes e dos necessitados. Muitos milagres ocorrem". [3]

"Uma manhã... mostramos o vídeo do Brasil, do pó de ouro. Depois do culto, uma das senhoras foi ao banheiro e trocou de roupa, para voltar às sua casa. Ela ouviu algo cair no chão e pensou que era o broche. Quando apanhou o objeto que havia caído no chão, ficou espantada: era uma pepita de ouro. Ela não voltou para casa. Trouxe a pepita de volta à reunião para que todos pudessem ver e se alegrar com aquilo. Quando Deus envia algo sobrenatural ao nosso meio, ele merece toda a glória". [4]

3. Reino Unido

Da Inglaterra, um relatório, distribuído por todo o mundo, com a chamada "Reavivamento no Brasil" diz o seguinte: "Milhares de pessoas estão se convertendo diariamente. As revistas, a televisão, os programas de rádio e os jornais estão comentando sobre o crescimento das igrejas. Mudanças sociais estão sendo realizadas pela influência da igreja. Atualmente existem mais cristãos evangélicos no Brasil do que em toda a Europa". [5]

O documento continua, com o subtítulo - "É um Reavivamento?" "Visitando o país com alguns líderes ingleses, alguns anos atrás, me perguntaram: 'você acha que o que está acontecendo no Brasil, hoje, é um reavivamento?' Eu entendo a razão da pergunta", continua o relatório, "eles observavam como o país está lutando com problemas morais e sociais. Se você liga a televisão, você identifica logo pornografia como um grande problema, a Nova Era cresce ao lado da Igreja. Se você considerar, portanto, a definição tradicional de um reavivamento, talvez você tenha dificuldade com o cenário brasileiro. Não existe uma percepção aguçada do pecado, na sociedade. Não existe impacto da personalidade de Jesus, no todo da comunidade". Parece queos autores estão recobrando a lucidez, mas logo verificamos que não é assim, pois o relatório continua: "Mas podemos dizer que existe um processo em andamento  na Argentina, na Coréia, no Brasil e em alguns países da África. As igrejas estão mudando e existe uma resposta progressiva ao trabalho do Espírito Santo...".

O mesmo relatório passa a tratar, agora, dos sinais de reavivamento na Inglaterra. "Há dez anos começamos a observar, nas igrejas brasileiras, as mesmas manifestações do Espírito Santo que vemos agora na Inglaterra. Pessoas caindo no espírito; algumas vezes tremendo. Alguns sinais muito fora do comum, como pessoas recebendo dentes de ouro (isso ocorreu a milhares de pessoas, durante meses), pó de ouro caindo dos crentes, óleo aromático fluindo das mãos de pessoas em oração, etc. Entretanto, tudo isso era parte do processo que Deus estava desenvolvendo dentro da igreja. Ele levou a igreja a sair dos portões e a convidar milhares e centenas que foram sendo salvos. Apesar de não vermos multidões sendo salvas, atualmente, reconhecemos que o mesmo processo ocorrido no Brasil está acontecendo aqui. A presença de Deus se manifesta de norte a sul e existe uma avidez maior para se ir aos perdidos..."

E. A manifestação da Graça de Deus e o reavivamento genuino não pode ser produzido por homens, nem que seja acompanhado por essas manifestações contemporâneas que estamos presenciando. Pelas realizações de curas, de quedas, de sopros, do gargalhar desenfreado, do riso - cognominado "bênção".

F. Mas o que dizer das curas que são proclamadas? Não serão evidências da Graça de Deus, de reavivamento? Ou será que a ênfase intensa nisso não significa que se procuram outras coisas além da Graça de Deus? Observemos alguns relatos:

Fenômeno 1 : José Eliezer, sofredor há quatro anos de dores de colunas e hérnia de disco, depois de recorrer a vários médicos decidiu participar de uma corrente de cura, quando desapareceram todos os sintomas e dores. [6] (Relato registrado pela Igreja Universal do Reino de Deus)

Fenômeno 2 : Gladys Solórzano tinha sinusite, úlcera, taquicardia, pesadelos constantes, além do vício da bebida. Tudo foi resolvido "quando resolveu dar uma chance para Deus agir na sua vida" [7] e passou a participar de uma comunidade cujos líderes agiram diretamente sobre seus problemas. (Relato registrado pela Igreja Universal do Reino de Deus)

Fenômeno 3 : Dona Edvônia da Silva possuía um tumor no pâncreas. Os médicos atestaram a gravidade de sua situação e preparavam-se para uma melindrosa operação. Em fevereiro de 1996 havia feito um exame por ultra-sonografia constatando a extensão do problema. Em maio de 1996, Dona Edvônia, cansada do tratamento convencional e temerosa quanto aos seus resultados, passou por uma "profunda experiência espiritual". Seus problemas físicos desapareceram.  O retorno aos médicos e os exames subseqüentes mostraram que ela não possuía mais nenhuma lesão no órgão previamente afetadohavia sido milagrosamente curada. (cura espírita supostamente realizada pelo Engenheiro Rubens de Faria Jr., o mais recente brasileiro a se apresentar como o recebedor da reencarnação genuína do Dr. Fritz, suposto médico alemão do século passado, que já teria estado presente na vida dos famosos e já falecidos Zé Arigó, de Minas Gerais, e do médico Edson Queiroz, de Pernambuco)

Fenômeno 4 : A pessoa que foi instrumental na cura de Dona Edvônia também está relacionada com o retorno à plena visão de Dona Natalina. Esta, cega há três anos, recobrou a visão após vários encontros espirituais. Num desses, viu uma forte luz adentrando o quarto. Após essa experiência espiritual, voltou a ver. (idem, cura espírita, suposta do DR. FRITZ)

Fenômeno 5 : Em 1990, Daniela Cristina da Silva foi internada no hospital Emílio Ribas, em coma. Os médicos declararam que ela corria risco de vida. Após orações realizadas pela família, que também seguiu as orientações de um religioso, ela saiu da UTI em 11 dias, sem seqüelas. Oito anos depois ainda goza de boa saúde. [8] (cura do campo católico romano, supostamente realizada pelo falecido FREI GALVÃO).

G. Vemos que a realização de curas e maravilhas, em si, não representa atestado de autenticidade da Graça de Deus e de existência de um reavivamento. Pouca diferença existe entre os fenômenos acima descritos, mas claramente três deles procedem de campos antagônicos à pessoa e à mensagem de Cristo.

H. A Grande Ironia e Contradição: Procura-se, hoje, o inusitado, como evidência do trabalhar do Espírito, da Graça de Deus, mas ao mesmo tempo, procura-se operar o reavivamento por passos realizados por pessoas. Multiplicam-se os "times de reavivamento"; os "encontros de reavivamento". Exatamente aqueles que proclamam e parecem depender mais e mais do sobrenatural, são os que apresentam o reavivamento como a aplicação de uma receita, pré estabelecida e aplicável em qualquer local do mundo.

Exposição:

Positivamente - Como procurar a GRAÇA DE DEUS? Como não perder a noção da Graça de Deus?

Da mesma forma como aqueles que procuram identificar uma nota falsa se esmeram no estudo da verdadeira, creio que a melhor resposta para estudarmos os chamados reavivamentos contemporâneos está no exame da Palavra de Deus, especialmente daqueles trechos que registram reavivamentos, ou a chamada advinda de Deus à uma aproximação maior com a Sua Pessoa. Nesse Sentido, queremos chamar a atenção para uma palavra contida na profecia do profeta Joel. Joel = Jeová é Deus. 835 A.C. O livro parece preceder o cativeiro e provavelmente foi escrito durante o reino do Rei Joás. Calamidade pública = forte seca e uma devastadora praga de gafanhotos. Joel identifica isso como um castigo pelos pecados do povo, mas conclama o povo a enxergarem bem mais embaixo e bem mais acima.

Mais embaixo , para a profundidade de suas almas e do seu pecado individual para com Deus. Mais acima, para a justiça e poder, mas também para a soberania e misericórdia do Deus amoroso.  O profeta trata também do DIA do SENHOR, no sentido de julgamento e do Deus que cumpre os seus propósitos na história.

Joel 2.11-18

11 O SENHOR levanta a voz diante do seu exército; porque muitíssimo grande é o seu arraial; porque é poderoso quem executa as suas ordens; sim, [porque - "ki"] grande é o Dia do SENHOR e mui terrível! Quem o poderá suportar?

12 ¶ Ainda assim, agora mesmo, diz o SENHOR: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, com choro e com pranto.

13  Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR, vosso Deus, porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal.

14  Quem sabe se não se voltará, e se arrependerá, e deixará após si uma bênção, uma oferta de manjares e libação para o SENHOR, vosso Deus?

15  Tocai a trombeta em Sião, promulgai um santo jejum, proclamai uma assembléia solene.

16  Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, reuni os filhinhos e os que mamam; saia o noivo da sua recâmara, e a noiva, do seu aposento.

17  Chorem os sacerdotes, ministros do SENHOR, entre o pórtico e o altar, e orem: Poupa o teu povo, ó SENHOR, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que as nações façam escárnio dele. Por que hão de dizer entre os povos: Onde está o seu Deus?

18 ¶ Então, o SENHOR se mostrou zeloso da sua terra, compadeceu-se do seu povo

1. A noção da GRAÇA de DEUS abrange a percepção do Julgamento do Deus Soberano dos Exércitos (v. 11).

11 O SENHOR levanta a voz diante do seu exército; porque muitíssimo grande é o seu arraial; porque é poderoso quem executa as suas ordens; sim, [porque - "ki"] grande é o Dia do SENHOR e mui terrível! Quem o poderá suportar?

11- Julgamento de Deus. A percepção da imensidão do pecado e da santidade de Deus: ponto precedente da chamada ao avivamento. O Dia do SENHOR - Julgamento e bênçãos: imenso e terrível. Deus, em controle completo dos seus exércitos, de sua criação. Queremos, mesmo, estar na presença de Deus? Temos a percepção de nossos pecados?  O verso fala de Jeová e indica, referindo-se na terceira pessoa, que "o executor" (em nossa tradução "quem executa") de suas ordens é poderoso.

Quem pode suportar o Dia do Senhor? A resposta é óbvia - ninguém, a não ser aquele que é possibilitado por Deus. Desejamos mesmo avivamento?

Dia do Senhor - no caso, aqui, uma referência ao julgamento em progresso da parte de Deus sobre o Seu Povo, naquela ocasião (seca e praga de gafanhotos). Mas ao lermos todo o texto, verificamos uma dimensão maior, um julgamento maior, uma visitação mais extensa (Possivelmente aquilo que chamamos de dupla perspectiva, em profecia, como é evidente em Joel 2.28-32, cumprido em At 2.16-21). Nesse sentido, Dia do Senhor = Dia de julgamento - (Is 13.10-13; Na 1.5,6; Jr 10.10; Mt 24.29; Mk 13.24-25). Quem pode suportar o julgamento do Senhor? É como se o profeta dissesse - "vocês não viram nada ainda! Nada se compara ao julgamento final do Senhor!" Mas com a visão do julgamento vem a chamada ao arrependimento, emitida pelo próprio Deus...

2. A noção da GRAÇA de DEUS implica em contrição pessoal, intensa e genuína, ao Deus de Misericórdia (vs. 12-14).

12 ¶ Ainda assim, agora mesmo, diz o SENHOR: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, com choro e com pranto.

12 - Ainda assim - mesmo que o julgamento pareça inevitável; mesmo que as condições pareçam impossíveis; mesmo que o curso dos eventos pareça incontornável. A praga dos gafanhotos tinham o propósito de fazer o povo refletir na sua conduta para com o Senhor. O anúncio do grande dia de julgamento e todo o seu pavor tinha como propósito produzir arrependimento e conversão - resultando em Glória ao nome do Deus de Misericórdia e no bem para o Povo de Deus arrependido. Após a ameaça, uma convocação! Agora mesmo - sem retardamento, sem desculpas, sem protelações. Diz o Senhor - é ele que comanda, que chama, que comissiona: julgamento, mas livramento vêm dele. Convertei-vos a mim: mudança de curso, mudança de direção. Em que direção, agora? A mim! O que tem que ser convertido? O coração - no conceito bíblico, o centro do nosso intelecto e emoção, e não somente parte dele, mas todo  (1 Sm 7.3; Dt 6.5)! Como será essa conversão? De que maneira? Haverá risos? Com jejuns - com concentração total na procura a Deus; com choro - indicador de arrependimento sincero; com pranto - choro copioso e intenso. Não verificamos semelhança com as reuniões contemporâneas, nas quais se dizem existir a manifestação da Graça de Deus - cheias de risos e gargalhadas; cheias de irreverência; cheias de superficialidade; cheias de supostas "maravilhas". A manifestação da GRAÇA de DEUS não é "pó de ouro", pepitas de ouro, muito menos curas, sinais e maravilhas.

13  Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR, vosso Deus, porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal.

13 - A contrição não pode ser meramente externa ("vestes"). O rasgar de vestes era um sinal externo comum, mas o profeta avisa para que o povo não se apegue ao sinal externo de contrição. Quantas vezes, nos nossos dias, reavivamento tem sido identificado com sinais externos, mas Deus espera conversão interna, no Seu Povo, para que sejam renovados e bem habilitados (Ml e Lc). Deus espera que o coração seja aberto, dilacerado ("rasgai o vosso coração" - Sl 51.19; Ez 36.26). Mais uma vez, a chamada à conversão "ao Senhor, nosso Deus". As características desse nosso Deus, fornecem o motivo de se procurar tal conversão, de se ter tal expectativa: ele é misericordioso, compassivo, tardio em irar-se, grande em benignidade e nem sempre executa o julgamento que seria o curso natural ("se arrepende do mal"). O julgamento é iminente. Ele é apropriado. Ele é justo. Ele procede do Deus todo poderoso. Ele é mortal. Mas ele é executado pelo justo juiz que detém o poder e a prerrogativa de sustá-lo.

O termo "arrependimento", utilizado com relação a Deus, não tem o mesmo significado dele utilizado com relação às pessoas. A dissociação é estabelecida por Números 23.19: "Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele dito, não o fará? ou, havendo falado, não o cumprirá?" Os homens, os filhos dos homens, mentem - dizem uma coisa e fazem outra; ou se arrependem - (o mesmo sentido) dizem que farão uma coisa e fazem outra; Deus é diferente. Ele é perfeito. Ele é soberano. Ele diz e faz; ele fala e cumpre; ele tem um plano e executa. Quando A Palavra, portanto, diz que ele se arrepende; não é arrependimento no significado do termo para descrever ações dos filhos dos homens; neste, muitas vezes, o conceito de "remorso" está contido. Significa aparente mudança de curso de ação; significa colocar em prática as prerrogativas de perdão, de retenção de julgamento. Em todo e qualquer caso mesmo o "arrependimento", a mudança do curso de ação, estava contemplada em seus planos insondáveis e maravilhosos. No caso, aqui, significa a expectativa de que o julgamento, mesmo justo e devido, não fosse executado

14  Quem sabe se não se voltará, e se arrependerá, e deixará após si uma bênção, uma oferta de manjares e libação para o SENHOR, vosso Deus?

14 - "Quem sabe..." não temos direitos ou prerrogativas. O pecador merece a condenação e o julgamento. Mas o próprio apelo lançado pelo próprio Deus é o raio de esperança.  A Graça de Deus não é provocada ou trazida como uma "receita de bolo", como indicava Finney, mas é um ato soberano de Deus. O aspecto de incerteza ao homem, é revelador dessa soberania básica. [9] Note a expressão semelhante, utilizada no Salmo 85.6, quando a oração por avivamento é precedida da palavra: "Porventura....". Reavivamento é algo colocado no âmago da Soberania de Deus, não é produzido pelo homem. Contrição é dever, sempre. Acolhimento e perdão, é misericórdia divina. Jerônimo, indica que as pessoas se inclinam a dois extremos: "desespero, em função da grandeza dos seus crimes; ou insensibilidade, ante a divina clemência". [10]   A expectativa na incerteza é elemento que introduz um lampejo de esperança no caráter misericordioso de Deus, evitando o desespero; e, ao mesmo tempo, impede a insensibilidade, pois traz à realidade a justiça e iminência do julgamento divino. Oferta de Libação - manjares, mantimentos que haviam sido destruídos pelo gafanhoto (vide 1.9 e 1.13 - a devastação era tal que nem mesmo o suficiente para as ofertas havia no meio do povo). Notem a aparente contradição, mas, ao mesmo tempo, a reveladora colocação do texto: ofertas são oferecidas pelos homens a Deus; mas o texto diz que Deus é que vai mandar os manjares e mantimentos que resultarão em ofertas oferecidas a ele próprio. Mais  uma vez temos a indicação de que tudo provém de Deus, até mesmo a forma e motivação de adoração a ele.

3. A noção da GRAÇA de DEUS reflete-se em reavivamento verdadeiro e visível. Este é solene, envolve o Povo de Deus e muda as prioridades de vida (vs. 15-16).

15  Tocai a trombeta em Sião, promulgai um santo jejum, proclamai uma assembléia solene.

16  Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, reuni os filhinhos e os que mamam; saia o noivo da sua recâmara, e a noiva, do seu aposento.

A igreja que tem a noção da Graça de DEUS experimenta reavivamento verdadeiro que se estende além da esfera individual. É a convicção gerada pelo Espírito Santo de Deus que atinge a pessoa e o Povo de Deus, em um sentido mais amplo - regional, nacional. O reavivamento verdadeiro verifica a necessidade de se lidar com a postura individual, de rejeição a Deus, e com o pecado corporativo de ignorar o preservador da vida e doador de todas as bênçãos. A chamada é para todo o povo. Já havia soado duas vezes antes, neste capítulo (1.14a e 2.1) : "Tocai, promulgai, proclamai". A  proclamação não é uma demonstração ou um show de sinais e maravilhas, mas uma convocação ampla à contrição e à busca a Deus. Não é um espetáculo para entretinimento dos participantes, mas uma "assembléia solene", na qual a seriedade de Deus é constatada e a insignificância nossa é evidenciada. O Povo deve ser congregado e a congregação santificada. Desde os mais velhos ("os anciãos") até os que ainda se amamentam devem estar presentes. Ninguém está isento desta chamada. As coisas mais prioritárias, como o andamento de um casamento, são suspensas para atender ao dever maior de reconciliação com o Deus Santo.

4. A noção da GRAÇA de DEUS no seio do seu povo é demonstrada pelo envolvimento, em uma forma toda especial, da liderança (v. 17).

17  Chorem os sacerdotes, ministros do SENHOR, entre o pórtico e o altar, e orem: Poupa o teu povo, ó SENHOR, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que as nações façam escárnio dele. Por que hão de dizer entre os povos: Onde está o seu Deus?

A liderança mostra contrição ("chorem os sacerdote, ministros do  Senhor..."). A liderança se concentra em oração ("... entre o pórtico e o altar, orem"!). A liderança se preocupa com a Igreja ("poupa o teu povo, Senhor'). A liderança se preocupa com o testemunho ("...para que as nações façam escárnio dele...").  Uma grande ênfase, aqui colocada, é na intercessão - os líderes intercedendo pelo Povo. Nas sombras do Antigo Testamento essa intercessão e intermediação era do Sacerdote. Os nossos líderes, presentes, deveriam estar em intercessão pelo Povo de Deus. Entretanto, na revelação completa neotestamentária, a intermediação é por Cristo Jesus. O Espírito Santo é o condutor de todo o processo, mas a intermediação é de Cristo. O Espírito Santo é glorificado quando Cristo é glorificado. O Espírito Santo não fala de si mesmo, muito menos em reavivamentos. Ele não é invocado, muito menos em reavivamentos. Ele á a base e força de nossa invocação do FILHO, para que nos socorra. Esta é a instrução divina. Este é o maravilhoso plano divino.

Nos dias de hoje verificamos uma falta de entendimento, no campo evangélico, de que o trabalho do Espírito Santo é revelar o Filho.

Nesse sentido, temos várias declarações explícitas de Jesus Cristo, sobre a forma de atuação do Espírito Santo. Em Jo 14.26 Jesus diz: "o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar tudo o que vos tenho dito". A atividade aqui descrita do Espírito Santo é, portanto, ensinar e fazer lembrar as coisas que Jesus Cristo disse, isto é: testemunhar da pessoa e obra de Cristo. Esta declaração teve um sentido todo especial e temporal para os apóstolos que, posteriormente, tiveram de pregar e registrar os fatos relacionados com a vida de Cristo.

Em Jo 16.14 lemos: "Ele me glorificará porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar". A glorificação é à pessoa de Cristo. A anunciação que o Espírito Santo faz é da obra e da mensagem de Cristo. Disso faz parte, também, o trabalho regenerador do Espírito Santo na conversão dos descrentes.

O Espírito Santo não trabalha, portanto, independentemente da obra de Cristo, como pregam todos aqueles que enfatizam o culto ao Espírito Santo e acabam por desviar os olhos dos fiéis da pessoa de Cristo. O Espírito Santo não vem como "uma segunda bênção", nem vem realizar fenômenos sem sentido ou fora do contexto revelador de Cristo, tais como curas espetaculares, risos santos, quedas, urros, dentes de ouro ou quaisquer outras maravilhas glorificadoras dos homens que as realizam. Ele vem selar o trabalho de Cristo na vida do crente, abrindo-lhe o coração à conversão, batizando-o com a abençoada regeneração, fazendo morada no coração de todos os salvos, promovendo a comunhão cristã, edificando o Corpo de Cristo, iluminando o entendimento e operando o crescimento em santificação.

Muitas distorções e heresias históricas ocorreram porque essa atuação do Espírito Santo, revelada na Palavra, não foi compreendida. Entre elas podemos citar o Montanismo, já no segundo século D.C., que, colocando toda a ênfase da fé na pessoa do Espírito Santo, procurava as suas manifestações sobrenaturais através de profetas e profetizas, que se contrapunham aos líderes eclesiásticos de então. [11] O Montanismo, com outros exageros teológicos e escatológicos que o caracterizaram, tem sido considerado pela Igreja não como um movimento genuíno de reavivamento espiritual, mas como uma perigosa heresia da época.

Semelhantemente, muitas distorções contemporâneas são fruto de idéias de pessoas, querendo "melhorar" o que Deus estabeleceu em sua perfeição e em Sua Palavra. Assim fazendo, elas superenfatizam a terceira pessoa da Trindade, praticamente tornando a pessoa e o trabalho de Cristo secundários às ações do Espírito Santo. [12]

5. A igreja que tem a noção da GRAÇA de DEUS experimenta a misericórdia do Senhor (v. 18).

18 ¶ Então, o SENHOR se mostrou zeloso da sua terra, compadeceu-se do seu povo.

Experimenta o zelo, demonstrado no julgamento (Hb. 12.6 - "... pois o Senhor corrige ao que ama, e açoita a todo o que recebe por filho"). Experimenta a misericórdia e paz que advem do Deus amoroso, quando ele mostra compaixão por nossa situação ("...compadeceu-se do seu povo").

Aplicação Final:

Qual deve ser nossa compreensão? Não devemos, portanto, nos enganar, quando nos apresentam notícias do "Grande Reavivamento" que atravessamos. Muitas vezes as estatísticas impressionam, os relatos são animadores, as maravilhas procuram calar os céticos; mas devemos examinar todas as coisas, todos os ângulos e, especialmente, a saúde e testemunho da Igreja - como anda este? Estamos, entretanto, de um grande segmento da Igreja que perdeu a noção do que é a Graça do Senhor.

Não podemos, como indivíduos, perder essa noção da Graça de Deus e sairmos procurando os sinais externos que aparentam Graça, mas que refletem a curiosidade e busca humana pelo inusitado e extraordinário. Quando procuramos a Graça de Deus por vias humanas, estamos, na realidade, nos afastando dela.Devemos, como igreja e Povo de Deus almejar andar dentro dos seus caminhos. Podemos e devemos orar para não perdermos a noção da Graça de Deus. Não temos o ensino que devemos operar a ação extra-natural do Espírito Santo, para andarmos em santidade e contrição de vida.

Locais onde a palestra foi proferida:

Igreja Presbiteriana Jardim Satélite - S. José dos Campos, 27.07.02

Congreção Presbiterial de São Gonçalo do Sapucaí - 28.9.03

Pregado como sermão (só a parte de JOEL 2):

Igreja Presbiteriana Betel - S. Paulo, Agosto 2003

IPSA - Jan 2002


[1] http://www.revivalglory.org/river/river16.htm. Mt. Zion Fellowship (http://www.revivalglory.org/Default.htm) Livro "What is River Glory?" cap. 16, Calvary Books, Calvary Pentecostal Tabernacle, Ashland Va. 2000.

[2] Silvania Machado, deu testemunho na igreja acima. Pela internet pode-se ouvir o testemunho em áudio, verificar as fotos e ver-se um vídeo.

[3] http://www.revivalglory.org/camptest.htm

[4] ibid

[5] Fonte: Friday Fax - friday_fax@ibm.net

[6] Folha Universal (São Paulo: 22.09.1996), p. 5.

[7] Folha Universal (São Paulo: 15.09.1996), p. 5.

[8] Revista Isto É, 30 de dezembro de 1998, N o 1526, reportagem "Procura-se Deus", pp. 71-72

[9] Lutero, citado por Keil-Delitzsch, discorda disso. Ele diz que a expressão hebraica indica afirmação conjugada com desejo, como se estivéssemos dizendo - "certamente Deus se voltará" - Enarrat. In Joelem, Opp., Jenna 1703, p. iiii.

[10] Citado em Keil e Delitzsch, Comentaries on the Old Testament, Vol. 10 - Profetas Menores, p. 197.

[11] A. Skevington Wood, "Montanism" em Baker's Dictionary of Theology (G. Rapids: Baker, 1969), pp. 363-364.

[12] F. Solano Portela Neto, Fé Cristã e Misticismo (Cultura Cristã: 1999).

 
 


Examinando e Expondo a Palavra de Deus aos Nossos Dias:

Isaías 1:18-20 "Vinde, pois, e arrazoemos, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã. Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra. Mas, se recusardes e fordes rebeldes, sereis devorados à espada; porque a boca do SENHOR o disse."

Atos 17:2-3 "Paulo, segundo o seu costume, foi procurá-los e, por três sábados, arrazoou com eles acerca das Escrituras, expondo e demonstrando ter sido necessário que o Cristo padecesse e ressurgisse dentre os mortos; e este, dizia ele, é o Cristo, Jesus, que eu vos anuncio."

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